Lucas 2.1: “Naqueles dias César Augusto publicou um decreto ordenando o
recenseamento de todo o império romano.”
Na primeira parte do artigo, falamos sobre a manjedoura como
um sinal para os pastores reconhecerem onde estava o Messias-Cristo-Rei, tão aguardado
pelo povo hebreu, e agora anunciado pelos anjos como uma revelação para o
mundo.
Mas existe mais um importante detalhe no sinal da
manjedoura...
Lucas introduz a história falando sobre César Augusto, no
auge do seu poder. Seu nome antigo era Otaviano e era filho adotivo de Júlio
César, o grande ditador da República Romana, morto após uma conspiração (cerca
de 44 a.C.). Depois, porém, de uma
guerra civil sangrenta contra Marco Antônio, Otaviano se torna o primeiro
imperador do mundo romano, reivindicando para si o legado político de Júlio
César.
Augusto proclama, então, paz e justiça para o mundo inteiro
e declara que seu pai adotivo era divino. Por isso, ele mesmo se estabelece no
poder como o “filho de Deus”. Poetas, assim, escrevem canções sobre a nova era
que havia começado; historiadores narram a longa história da elevação de Roma à
grandeza, alcançando seu clímax (obviamente) com Augustus. O povo dizia que
Augustus era o “salvador” do mundo. Ele era seu rei, seu senhor.
Consequentemente, muitos o adoravam como um deus.
Não é a toa que Lucas faz o contra ponto com Jesus. O
anúncio do verdadeiro Messias-Cristo-Rei acontece no momento apropriado. A
proposta é, realmente, de um novo reino, diferente do oferecido pelos homens. O
contexto do nascimento desse menino na manjedoura é o começo da confrontação
entre o reino de Deus (em toda sua aparente fraqueza, insignificância e
vulnerabilidade) e os reinos do mundo. Existe um novo caminho a seguir: a
conquista do mundo pelo poder do amor e não pelo amor ao poder. Ao invés da
coerção, a subversão amorosa; no lugar da imposição, um convite ao discipulado.
O reino de Deus, por fim, é estabelecido pela cruz. É a
expressão mais completa da manjedoura. Indica a impossibilidade humana de
alcançar qualquer propósito sem a intervenção divina. É a declaração do amor
incondicional de Deus à humanidade em rebelião e escrava de falsos deuses. É a salvação.
Augustus, provavelmente, nunca ouviu falar de Jesus de
Nazaré. Mas, um século mais tarde, seus sucessores em Roma não apenas ouviram
sobre Jesus; eles perseguiam seus seguidores. E dentro de três séculos, o
próprio imperador se tornaria cristão.
Ainda há um longo caminho a ser trilhado. O reino de Deus
não está completo. Aguardamos a vinda do Rei, em poder e glória, para
estabelecer seu reino de paz e justiça na Terra. Temos esperança na
ressurreição. Enquanto isso, vivemos como um povo que experimenta a mensagem revelada a pastores e proclamada diante da santa manjedoura: “Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o
Salvador, que é Cristo-Messias, o Senhor” (Lucas 2.11 e 17).
Pr. Vinicius.
Fonte: N.T. Wright – NT for Everyone