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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O Sinal da Manjedoura - parte 2



Lucas 2.1: “Naqueles dias César Augusto publicou um decreto ordenando o recenseamento de todo o império romano.”

Na primeira parte do artigo, falamos sobre a manjedoura como um sinal para os pastores reconhecerem onde estava o Messias-Cristo-Rei, tão aguardado pelo povo hebreu, e agora anunciado pelos anjos como uma revelação para o mundo.

Mas existe mais um importante detalhe no sinal da manjedoura...

Lucas introduz a história falando sobre César Augusto, no auge do seu poder. Seu nome antigo era Otaviano e era filho adotivo de Júlio César, o grande ditador da República Romana, morto após uma conspiração (cerca de 44 a.C.).  Depois, porém, de uma guerra civil sangrenta contra Marco Antônio, Otaviano se torna o primeiro imperador do mundo romano, reivindicando para si o legado político de Júlio César.

Augusto proclama, então, paz e justiça para o mundo inteiro e declara que seu pai adotivo era divino. Por isso, ele mesmo se estabelece no poder como o “filho de Deus”. Poetas, assim, escrevem canções sobre a nova era que havia começado; historiadores narram a longa história da elevação de Roma à grandeza, alcançando seu clímax (obviamente) com Augustus. O povo dizia que Augustus era o “salvador” do mundo. Ele era seu rei, seu senhor. Consequentemente, muitos o adoravam como um deus.

Não é a toa que Lucas faz o contra ponto com Jesus. O anúncio do verdadeiro Messias-Cristo-Rei acontece no momento apropriado. A proposta é, realmente, de um novo reino, diferente do oferecido pelos homens. O contexto do nascimento desse menino na manjedoura é o começo da confrontação entre o reino de Deus (em toda sua aparente fraqueza, insignificância e vulnerabilidade) e os reinos do mundo. Existe um novo caminho a seguir: a conquista do mundo pelo poder do amor e não pelo amor ao poder. Ao invés da coerção, a subversão amorosa; no lugar da imposição, um convite ao discipulado.

O reino de Deus, por fim, é estabelecido pela cruz. É a expressão mais completa da manjedoura. Indica a impossibilidade humana de alcançar qualquer propósito sem a intervenção divina. É a declaração do amor incondicional de Deus à humanidade em rebelião e escrava de falsos deuses. É a salvação.

Augustus, provavelmente, nunca ouviu falar de Jesus de Nazaré. Mas, um século mais tarde, seus sucessores em Roma não apenas ouviram sobre Jesus; eles perseguiam seus seguidores. E dentro de três séculos, o próprio imperador se tornaria cristão.

Ainda há um longo caminho a ser trilhado. O reino de Deus não está completo. Aguardamos a vinda do Rei, em poder e glória, para estabelecer seu reino de paz e justiça na Terra. Temos esperança na ressurreição. Enquanto isso, vivemos como um povo que experimenta a mensagem revelada a pastores e proclamada diante da santa manjedoura: “Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo-Messias, o Senhor” (Lucas 2.11 e 17).

Pr. Vinicius.

Fonte: N.T. Wright – NT for Everyone

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O Sinal da Manjedoura - parte 1


Lucas 2.8-18:

“8 Havia pastores que estavam nos campos próximos e durante a noite tomavam conta dos seus rebanhos.  9 E aconteceu que um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor resplandeceu ao redor deles; e ficaram aterrorizados. 10 Mas o anjo lhes disse: Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: 11 Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo (Messias), o Senhor. 12 Isto lhes servirá de sinal: encontrarão o bebê envolto em panos e deitado numa manjedoura. [...]15 Quando os anjos os deixaram e foram para os céus, os pastores disseram uns aos outros: “Vamos a Belém, e vejamos isso que aconteceu, e que o Senhor nos deu a conhecer”. 16 Então correram para lá e encontraram Maria e José, e o bebê deitado na manjedoura. 17 Depois de o verem, contaram a todos o que lhes fora dito a respeito daquele menino, 18 e todos os que ouviram o que os pastores diziam ficaram admirados.


Se você tentar mostrar alguma coisa a um cachorro apontando o dedo, provavelmente ele olhará para o seu dedo ao invés daquilo que você apontou. É frustrante.

Isso ilustra um engano muito comum em relação ao Natal...

Um dos aspectos de maior destaque no Natal é o nascimento do menino Jesus em uma manjedoura – o célebre cocho do Messias-Cristo-Rei. Ela é vista em cartões de Natal; as igrejas se empenham em enfeitar algo que lembre a manjedoura e encorajam pessoas a recitar orações à sua volta. Os animais são também famosos, e estão presentes nos presépios e peças de teatro.

O mais interessante é que não há indicação que pastores da época de Jesus levavam seus animais à noite para algum tipo de estábulo (v.8). A tradição, ainda, diz que José não encontrou um alojamento para se hospedar. Mas a palavra usada para descrever esse lugar (kataluma) tem vários significados, dentre eles “quarto de hóspedes”. 

O mais provável é que José e Maria ficaram no andar de baixo de uma casa, onde as pessoas normalmente usavam o piso superior. O “térreo”, então, era frequentemente usado por animais. Por isso havia um chocho lá, mas não há indicação de que havia animais no momento do nascimento de Jesus. Na verdade, à época do senso, havia muitos viajantes e a hospitalidade judaica (muito valorizada) acontecia naturalmente. Cada casa fornecia o que tinha.

Ter a manjedoura, portanto, como central na história do Evangelho, apontando para a simplicidade do nascimento de Jesus, é como olhar para o dedo e não para o local que está sendo apontado. É claro, a tradição dos animais à volta de Jesus não prejudica o contexto da revelação, apenas é importante não desviar o foco.

Mas, afinal, qual é o foco? E por que Lucas menciona três vezes a manjedoura (v.7;12;16)? 

A resposta é porque o cocho era exatamente o sinal para os pastores (v.12). É maravilhoso pensar que havia um cocho esperando por Jesus e que serviria de sinal exato para personagens inesperados confirmarem a vinda do Messias (v.17). Sem dúvida, muitas pregações podem ser feitas a partir da vinda de Deus em meio à confusão da vida real ou mesmo sobre o humilde nascimento do Messias. Mas o ponto aqui é a boa nova dada pelos pastores, iluminada pelas instruções para o encontro com o Cristo-Rei-Messias.

Por que isso é tão importante? Exatamente porque foram os pastores que contaram quem essa criança era: o Salvador, o Messias, o Senhor (v.11). A manjedoura não é importante em si mesma. Ela é um sinal, um dedo apontado para quem estava nela e para sua tarefa no mundo. Os pastores convocados nos campos (como Davi, um pastor menino, trazido dos campos para ser ungido como rei) foram escolhidos para que Maria e José ouvissem essa verdade de fontes inesperadas, pois até então, era segredo.

Que maravilha quando Deus confirma seus planos após momentos de agonia e sofrimento. Quanta apreensão Maria, uma menina, não passou quando se viu milagrosamente grávida? Quantas crises José teve de superar, pois sua noiva estava grávida sem ele ter tocado nela? Quanta alegria é ver a fé mostrando seus frutos.

Então, quando você ver uma manjedoura em um cartão postal ou em uma igreja, não pare no “berço”. Veja para onde ele está apontando. Ele está apontando para a impactante verdade que o bebê aconchegado lá é o verdadeiro rei do mundo. O resto da história de Lucas (no Evangelho e em Atos) contará como seu reino se manifestará e será estabelecido.

É Natal. Vale a pena recontar a história do nascimento do menino Jesus em uma manjedoura e dar a devida atenção para onde Deus está apontando.


Pr. Vinicius.
Fonte: N.T. Wright – NT for Everyone

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O olhar de João Batista

O tempo de advento nos convida a observar uma figura fascinante do Novo Testamento: João Batista. Creio que dar a devida atenção ao famoso quadro de Leonardo da Vinci (São João Batista, 1513-1516) nos ajuda a discernir o profeta, primo de Jesus.

Perceba seu olhar...

Com um olho, João Batista olha para você diretamente, acompanhando a mão que aponta para si. Esse olho te confronta, te desafia. O outro olho te leva a acompanhar a mão que aponta para cima. Aponta para aquele que vem (advento).

Como você interpreta o “olhar de João Batista”?

Pessoalmente, lembro a palavra profética de Mateus 3.2: “Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo!”

O seu olhar, portanto, me desafia ao ARREPENDIMENTO, a fim de perceber a chegada do Messias.  João Batista olha no fundo da minha alma e diz que eu necessito mudar minhas motivações, meus desejos, meus alvos e meus caminhos. Ele me convida a viver em harmonia com o Pai, e conduzir minha vida a partir dessa realidade.

Sem esse movimento de renovação, interpreto, não é possível experimentar a chegada do reino de Deus, estabelecido em e através de Jesus, nosso Messias-Cristo-Rei.

Interessante essa questão do arrependimento...

Arrependimento não é emoção; não é ficar triste pelos próprios pecados. Arrependimento, basicamente, é um descontentamento com o mundo como ele é e um anseio pelo mundo de Deus, marcado por “justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14.17).

É, também, uma decisão. É decidir que erramos quando achamos ser possível gerir a nossa própria vida e sermos o nosso próprio deus. É decidir pelo caminho de Jesus e se tornar seu discípulo amado.

Olhe novamente para o “olhar de João Batista” no quadro acima...

E aí, você vai encarar o seu desafio?

Pr. Vinicius

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O Salmo de Jonas

O livro de Jonas possui uma das mais belas interpretações da natureza humana. Nele, vemos a luta de todos nós para evitar a vontade de Deus: preferimos seguir nossas convicções, fazer as coisas do nosso jeito.

O grande tema do livro de Jonas é a vocação do povo de Deus. Deus chama Jonas-Israel-igreja para ser luz para as nações, segundo o chamado de Abraão. A relutância é notória tanto na vida de Jonas como na vida de Israel e da igreja. Mas Deus não desiste. Ao contrário, ele conspira de várias as formas (em Jonas vemos a tempestade, o grande peixe, a conversão milagrosa do povo de Nínive, a planta imprevisível) para que sua vontade seja feita, tanto na vida de Jonas-Israel-igreja como na história de Nínive-gentios-mundo.


E continuamos resistindo... Como bem disse Deus a Moisés, somos um povo de "dura cerviz": obstinado, teimoso, cabeça dura, difícil de quebrantar (Cf. Êxodo 33.5).


Mas algo acontece no segundo capítulo do livro. Ali, presenciamos um divisor de águas na vida de Jonas. Creio que deve ser o mesmo conosco: JONAS VOLTA À PRÁTICA DA ORAÇÃO. No primeiro capítulo isso, realmente, não estava acontecendo (vemos os pagão orando, não Jonas). Nos capítulos seguintes (3 e 4), apesar de sua revolta, vemos Jonas em diálogo com Deus.
Parece evidente que a vocação do povo de Deus não se (re)estabelece sem oração. E não pode ser uma oração qualquer, apenas para cumprir o protocolo ou evidenciar desespero, a fim de comover Deus. Deve, sim, ser uma ORAÇÃO PROFUNDA, a qual envolva todo o ser; que expresse os reais sentimentos diante do Todo Poderoso e Amoroso Deus. 

Observe, então, que a oração profunda deve ser feita a partir da realidade vivida e não de uma esfera romântica e alienada. Deve expressar lamento, protesto e indignação ao mesmo tempo que confiança, amor e esperança, afinal, apresentamos à queixa diante do Justo Juiz. O lamento, nesse sentido, indica a intimidade com Deus (somos o que somos, não o que achamos que deveríamos ser). Já a confiança indica a reverência necessária para um relacionamento maduro com quem é Pai-Criador e Salvador. (Deus não é "instrumentalizável"). O fim indubitável, portanto, da oração profunda é a adoração e a missão: a retomada da vocação da humanidade; a imagem de Deus restaurada na Terra.


Isso, certamente, não acontece de uma hora para outra. É um longo aprendizado, o qual tem por base passar pela “experiência do suco gástrico”: a solidão e o sofrimento. Foi o que aconteceu com Jonas. No ventre do peixe, ele foi redirecionado para sua (nossa!) vocação, embora, ainda, tivesse muito a aprender.
Agora, leia a oração de Jonas (Jonas 2.2-9).

Você notou algo familiar nela? O que essa oração te lembra?


O que mais chama a atenção na oração de Jonas é sua estrutura: é SALMO.
Os Salmos, portanto, indicam o caminho da ORAÇÃO PROFUNDA. Nos salmos encontramos lamento e louvor, sendo que quase 70% é lamento. Eles, portanto, estão plenamente conectados a nossa realidade e nos levam à profunda conexão com a realidade de Deus. Passamos a ver o mundo sob a perspectiva de Deus e apresentamos a Deus o que está acontecendo (e não levamos a Deus apenas a nossa perspectiva, de maneira arrogante e irreverente). 

Jonas trazia os Salmos no coração e na mente. Não foi simplesmente uma oração espontânea. A oração não representava o humano, mas o humano representava a oração, pois foi formatado por ela. O mesmo aconteceu com Jesus: a expressão “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste” é extraída de um salmo (Sl 22). Apesar da citação ser de apenas um versículo, provavelmente esse salmo tenha acompanhado Jesus por todo sua vida; ele, inclusive, deve tê-lo recitado completamente na cruz. O interessante é que o salmo 22 traz a esperança e a justiça de Deus como tema. Ou seja, no clamor de Jesus havia lamento e confiança, submetendo o seu destino ao justo Juiz, criador dos céus e da terra.
Realmente, temos muito a aprender com Jonas e com os a escola dos Salmos. Que tal você caminhar comigo nessa jornada?

Acompanhe as postagens. Vamos conversando...

Pr Vinicius

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

A escola de oração


A escola que Israel e a Igreja recorreram para aprender a orar foram os Salmos. Junto com Isaías, esse foi o livro mais citado por Jesus e os apóstolos no Novo Testamento, inclusive como apoio de doutrinas centrais da fé cristã. Para os primeiros cristãos, a ordem era: “Enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos” (Ef 5.18-19). Então, como seus antepassados judeus, a igreja começou ouvindo a palavra de Deus nesses hinos. A partir deles, respondiam a Deus e, através de seus lamentos e louvores, expunham sua vida com intimidade e reverência.

Os primeiros cristãos, portanto, fizeram dos Salmos o fundamento da sua vida e do culto. Em sua percepção, desde o princípio, a Palavra de Deus vem em primeiro lugar. O ser humano é chamado a responder a Palavra de Deus, com todo seu ser. E a oração é a resposta à revelação de Deus nas Escrituras. Sendo assim, os Salmos são a escola onde os cristãos aprendem a orar, pois como E. Peterson diz, “é essa fusão de Deus nos falar (Bíblia) e nós falarmos a ele (oração) que o Espírito Santo usa para formar a vida de Cristo em nós”.

Vamos aprender a orar com os Salmos?

Fontehttp://www.teologiabrasileira.com.br - O uso dos Salmos na devoção cristã - Franklin Ferreira

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Lá vai a lama...


Moradores prostrados em chão, clamando a Deus pela vida no Rio Doce, que foi destruído pelo rompimento das barragens em Mariana-MG. "De pé somos fortes, mas de joelhos somos invencíveis!"

O "rio de lama" da Samarco, em Minas Gerais, vem no turbilhão de tantas outras tragédias nacionais que, ironicamente, se não forem tratadas com lucidez e bom senso, tenderão a morrer nas praias do Brasil.

Lamentamos profundamente a perda de vidas humanas, o enorme impacto social e a inimaginável destruição ambiental deflagrada por esse episódio de dimensões catastróficas.

O momento é de socorrer emergencialmente as populações ribeirinhas nas suas necessidades mais básicas. Milhares de voluntários têm sido mobilizados para essa tarefa. Não devemos limitar os esforços comuns para a mitigação do sofrimento de toda essa gente que hoje vive a dor da devastação do seu mundo.

É imprescindível, entretanto, uma investigação criteriosa desse crime socioambiental, para a punição rigorosa dos responsáveis. A mineração no Brasil é um assunto muito sério que merece aprofundamento no debate. Há muitos interesses em jogo e, como se constata no ocorrido, as vidas de populações inteiras não parecem ser o "capital" mais importante, o que é lamentável e inadmissível.

Apresentemos esta situação diante de Deus em oração e façamos o que está ao nosso alcance em favor das populações das cidades atingidas pela lama da morte. Temos conhecimento de igrejas e missões cristãs que estão tomando iniciativas para socorrer aquelas pessoas. Encorajamos irmãos e irmãs de todo o Brasil a que busquem maneiras de contribuir efetivamente com essas iniciativas.

Clamemos por justiça nas questões relativas à mineração nas terras brasileiras.

Brasil, 13 de novembro de 2015
Aliança Cristã Evangélica Brasileira

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

União mística com Cristo - parte 1


Eu creio, e agora?

Boa pergunta para quem se tornou (ou já é!) cristão. Qual o propósito de minha vida como membro da comunidade da Nova Aliança em Jesus?

Talvez, a resposta para essa pergunta seja muito simples: Agora, devo buscar a união mística (e misteriosa!) com o Cristo-Messias-Rei Jesus.

Teologicamente, essa expressão é muito discutida na perspectiva da salvação, da justificação do crente pela fé, da adoção do ser humano como filho de Deus, etc. Também, às vezes, ela é vista como uma experiência etérea, espiritual, a qual é obtida por meditação e contemplação.

Por mais importantes que sejam essas abordagens, é possível olhar para a união mística com Cristo como a de um casamento (lembrando Efésios 5). Não é possível estar casado sem considerar o cônjuge em tudo o que se faz. A pessoa não é mais só ela, mas é ela+cônjuge. Se viaja está presente, se dorme está presente, se conversa ou pratica esporte está presente... Ela é, assim, “um com o cônjuge”.

A relação sexual, por sua vez, marca a intimidade, o êxtase da união. Mas não é o único momento onde “se tornam um”, como diria o senso comum. A mística união também acontece no silêncio solidário, nas ações compartilhadas, no namoro cotidiano, na criação dos filhos, em ocasiões inusitadas, na saudade, no cuidado. Nesse sentido, é possível dizer que a união mística é uma união encarnada na realidade. Ela envolve o ser humano como um todo, não apenas os momentos de êxtase (embora eles sejam fundamentais). 

O "místico" da união, assim, não admite fragmentações acadêmicas. Não pode apenas ser entendido com uma experiência transcendente, o qual acontece em nível espiritual. Pelo contrário, a união mística exige a conexão de todas as nossas emoções, pensamentos, atitudes, corporeidades e transcendências com o Cristo.

Thomas Merton, um místico cristão contemporâneo, afirma no seu livro Na Liberdade da Solidão: “Vivemos como criaturas espirituais quando vivemos como homens que procuram a Deus. Para sermos espirituais, temos de permanecer homens. E, se isso não fosse evidenciado em toda parte na teologia, o Mistério da Encarnação seria disso, amplamente, uma prova. Por que Cristo se fez homem senão para salvar os homens, unindo-os misticamente a Deus por meio de sua santa Humanidade?”

Portanto, assim como todo casamento idôneo necessita ser vivido a partir dos dilemas de sua realidade (não como uma fantasia romântica idealista), a união com Cristo acontece dentro das lutas e contradições humanas e, com certeza, a partir delas. É um ato de fé. Mas, também, um difícil processo de aprendizado, o qual exigirá grande dedicação. O resultado vale a pena: é simplesmente a vida plena prometida por Jesus (João 10.10).


Mas, na prática, como é possível desenvolver a união mística com o Cristo?

Isso fica para o próximo texto, ok?

Pr. Vinicius

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Um Chamado à Formação Espiritual


Formação espiritual cristã é o processo através do qual somos formados pelo Espírito Santo na imagem de Cristo e preenchidos com amor por Deus e pelo mundo.

Disse Jesus: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. Nós seremos capazes de experimentar esta vida abundante – aqui e agora – à medida que nossas paixões, caráter, entendimento e relacionamentos venham se alinhar fortemente com a vida de Cristo. Este processo transformador que se dá durante toda nossa vida é um contínuo dom do Espírito de Deus. Nós, portanto, somos chamados para sermos renovados na imagem de Jesus. Em outras palavras, somos chamados para a formação espiritual.

João 7:37–39, João 10:10, Romanos 8:29, 1 Coríntios 11:1, 1 Coríntios 15:49, 2 Coríntios 3:17–18, 2 Coríntios 4:16–18, 2 Coríntios 5:16–21, Gálatas 4:19, Efésios 1:3, Efésios 3:16–19, 1 João 3:2, 1 João 4:17

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Evangelho todo para a humanidade toda

Tem sido uma grande experiência compartilhar sobre a importância de conhecer e viver o Evangelho todo em meio a um culto de adoração a Jesus, o Cristo-Deus que ama toda a humanidade (homens e mulheres, pobres e ricos, religiosos e não-religiosos, brasileiros e argentinos) igualmente. Ele nos convida a segui-lo, a cada dia, como seus discípulos amados e ser sinal do seu Reino na Terra.
Nossa oração: "Pai todo poderoso, criador dos céus e da terra, estabelece o teu reino em nosso meio".

terça-feira, 25 de agosto de 2015

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Deus está bordando

Quando eu era pequeno, minha mãe costurava muito. Eu me sentava no chão, brincando perto dela, e sempre lhe perguntava o que estava fazendo. Ela respondia que estava bordando. Todos os dias eram a mesma pergunta e a mesma resposta. Observava seu trabalho de uma posição abaixo de onde ela se encontrava sentada e repetia:
― Mãe, o que a senhora está fazendo?
Dizia-lhe que, de onde eu olhava, o que ela fazia me parecia muito estranho e confuso. Eram uns amontoados de nós e fios de cores diferentes, compridos, curtos, uns grossos e outros finos, eu não entendia nada. Ela sorria, olhava para baixo e gentilmente me explicava:
― Filho saia um pouco para brincar e quando terminar meu trabalho eu chamo você, o coloco sentado em meu colo e deixo que veja o trabalho da minha posição.
Mas eu continuava a me perguntar lá de baixo:
― Por que ela usava alguns fios de cores escuras e outros claros? ― Por que me pareciam tão... desordenados e embaraçados? ― Por que estavam cheios de pontas e nós? ― Por que não tinham ainda uma forma definida? ― Por que demorava tanto para fazer aquilo?
Um dia, quando eu estava brincando no quintal, ela me chamou:
― Filho venha aqui e sente em meu colo.
Eu sentei no colo dela e me surpreendi ao ver o bordado. Não podia crer! Lá de baixo parecia tão confuso! E de cima vi uma paisagem maravilhosa!
Então, minha mãe disse:
― Filho, de baixo parecia confuso e desordenado porque você não via que na parte de cima havia um belo desenho. Mas, agora, olhando o bordado da minha posição, você sabe o que eu estava fazendo....
Muitas vezes, ao longo dos anos, tenho olhado para o céu e dito:
― Pai, o que estás fazendo?
Ele parece responder:
― Estou bordando a sua vida, filho.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Tudo começa com Deus

"O pecador salvo está prostrado em adoração, perdido em assombro e louvor. Ele sabe que o arrependimento não é o que fazemos para obter o perdão; é o que fazemos porque fomos perdoados. Ele serve como expressão de gratidão em vez de esforço para obtenção do perdão. Portanto, a sequência perdão primeiro e arrependimento depois (e não arrependimento primeiro, perdão depois) é crucial para a compreensão do evangelho da Graça."

Brennan Manning


quinta-feira, 30 de abril de 2015

Aprendendo a aprender

Eu aprendi...
...que ignorar os fatos não os altera;

Eu aprendi...
...que quando você planeja se nivelar com alguém, apenas esta permitindo que essa pessoa continue a magoar você;

Eu aprendi...
...que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas;

Eu aprendi...
...que ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa;

Eu aprendi...
...que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;

Eu aprendi...
...que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que você perdeu.

Eu aprendi...
...que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em outro lugar;

Eu aprendi...
...que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito;

Eu aprendi...
...que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorre quando você está escalando-a;

Eu aprendi...
...que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer.
(Boa noite , Amor )


sábado, 11 de abril de 2015

Confiança X Clareza

Quando o brilhante doutor em ética John Kavanaugh foi trabalhar por três meses na “casa dos moribundos” em Calcutá, ele estava à procura de uma clara resposta sobre como viver melhor os anos que lhe restavam de vida. Na primeira manhã ali, ele conheceu a Madre Teresa. E ela lhe perguntou:

― Como posso lhe ser útil?
Kavanaugh pediu que ela orasse em seu favor.
― E você quer que eu ore por qual necessidade?
E ele verbalizou o pedido que havia carregado consigo milhares de quilômetros desde os Estados Unidos:
― Ore para que eu tenha clareza.
E ela disse com firmeza:
― Não, eu não vou orar por isso.
Quando ele lhe perguntou o porquê, ela respondeu:
― Clareza é a última coisa a que você deve se apegar.
Quando Kavanaugh comentou que ela lhe parecera ter a clareza que ele tanto ansiava, ela riu e disse:
― Nunca tive clareza; o que eu sempre tive foi confiança. Então vou orar para que você confie em Deus.

“E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós” (1Jo 4.16). Quando vamos em busca de clareza, tentamos eliminar o risco de confiar em Deus. O medo do caminho desconhecido a nossa frente destrói a confiança infantil na bondade ativa do Pai e em seu amor irrestrito.
Muitas vezes partimos da premissa de que o ato de confiar irá desfazer a confusão, iluminar a escuridão, acabar com a incerteza e remir o tempo. Mas a nuvem de testemunhas de Hebreus 11 revela que não é bem assim. Nossa confiança não traz uma clareza definitiva neste mundo. Ela não elimina o caos, não entorpece a dor, nem nos serve de muleta. No momento em que está obscuro, o coração que confia diz, a exemplo de Jesus na cruz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23.46).


Brennan Manning (Confiança Cega, pg. 19)

domingo, 5 de abril de 2015

segunda-feira, 30 de março de 2015

Você crê que Ele te ama?

Brennan Manning

Por causa dos últimos 48 anos, onde fui emboscado por Jesus numa pequena capela no oeste do estado da Pensilvânia, e por causa das milhares e milhares de horas dedicadas à oração, meditação, silêncio e solitude durante esses anos, estou totalmente convencido de que, no dia do julgamento, o Senhor Jesus fará a cada um de nós apenas uma pergunta e nenhuma pergunta mais: “VOCÊ CREU QUE EU TE AMAVA... QUE EU TE DESEJEI...QUE EU TE AGUARDEI DIA APÓS DIA...QUE EU ANSIAVA POR OUVIR O SOM DA SUA VOZ”?

Os que verdadeiramente acreditam em Jesus responderão: “Sim, Senhor Jesus, eu cri no seu amor e procurei moldar a minha vida como resposta a esse amor!”.

Mas muitos de nós que somos tão fiéis no ministério, nos costumes e no frequentar a igreja terão de responder: “Francamente, eu não Senhor. Na verdade eu nunca cri; ouvi sim, uns maravilhosos sermões e uns ensinamentos sobre o seu amor e eu até mesmo dei aulas sobre isso. Mas eu pensei que era só um jeito de falar – uma mentirinha amável. Alguns cristãos piedosos até me incentivaram com ‘uns tapinhas’ nas costas”.

E aí está a diferença entre os cristãos verdadeiros e os cristãos nominais que povoam as igrejas de nossa terra. Ninguém como aquele que acredita em Jesus pode mensurar a profundidade e a intensidade do amor de Deus. Mas, ao mesmo tempo, ninguém como aquele que acredita em Jesus pode medir a eficácia com que o pessimismo, a melancolia, a baixa auto-estima, o ódio próprio e o desespero nos bloqueiam do Seu amor.

Você percebe como é importante abraçarmos esse fundamento crucial de nossa fé? Porque você só será tão grande quanto o seu próprio conceito de Deus.

Lembram da famosa frase do filósofo francês Blaise Pascal: “Deus fez o homem a Sua semelhança, e o homem, em retribuição, fez Deus a sua imagem”? Tornamos, então, Deus mesquinho, bitolado, rude, legalista, julgador, sem sentimentos, não perdoador e tão odioso como somos todos nós!

Nos últimos anos tenho pregado em muitos lugares e, honestamente, o Deus que me tem sido apresentado é pequeno demais para mim. Porque ele não é o Deus da Palavra, o Deus que se revela através de Jesus, e que neste momento vai até você e diz: "Eu tenho uma palavra pra você - eu conheço toda sua história de vida, todos os esqueletos em seu armário, todos os momentos de pecado, de vergonha, desonestidade e amor degradante que escurecem seu passado. Eu sei que agora mesmo você está com uma fé superficial, uma vida de oração frívola e discipulado inconsistente...

...E minha palavra pra você é esta: EU O DESAFIO A CONFIAR QUE EU TE AMO DO JEITO QUE VOCÊ É, E NÃO DO JEITO QUE VOCÊ DEVERIA SER - PORQUE VOCÊ NUNCA SERÁ COMO DEVERIA SER”.

quarta-feira, 25 de março de 2015

OREMOS PELO NOSSO BRASIL

Para muitos brasileiros, há uma certa apreensão no Brasil, considerando as notícias veiculadas pela grande mídia nas últimas semanas. O quadro político e econômico aponta para dificuldades nos próximos meses. As denúncias de corrupção também contribuem para o sentimento de frustração em relação ao futuro melhor que todos queremos para o País, para nós e para as futuras gerações. Percebem-se sentimentos que vão desde a indignação ao cinismo, da reivindicação por justiça ao descrédito de que a justiça e o bem se estabelecerão.
Não concordamos com atitude escapista de alguns cristãos que se abstraem de nossa realidade, através de uma vida religiosa sem nexo ou consequência em relação ao contexto. Lidamos inquietos com a questão e, por isso, como cristãos perguntamos: o que podemos fazer?
O convite que a Aliança Cristã Evangélica Brasileira faz à Igreja evangélica neste momento é para a oração, não como uma forma de escapismo e nem que nela se esgote a sua atuação ante à realidade. Mas, tão somente, comecemos pela oração a nossa ação como povo de Deus!
Orar, neste momento, é uma manifestação de obediência a Deus, pois a Bíblia exorta a Igreja de Cristo a orar em favor das autoridades:
“Antes de tudo, recomendo que se façam súplicas, orações, intercessões e ação de graças por todos os homens; pelos reis e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e pacífica, com toda a piedade e dignidade. Isso é bom e agradável perante Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade”. (I Tm 2.1-4).
É nesse contexto que desenvolvemos, portanto, o serviço a Deus, ao próximo e à nação brasileira. Devemos orar pelas autoridades e pelo povo brasileiro, colocando nossas dificuldades como sociedade diante de Deus, conectando o nosso coração a Deus e o nosso interesse com as necessidades da nação.
Além disso, diante de Deus busquemos sabedoria e discernimento para uma ação transformadora como seguidores de Jesus. E, como cidadãos e cidadãs brasileiros, reafirmemos as instituições políticas, as liberdades democráticas e o estado de direito, a fim de exercermos a nossa cidadania com espírito crítico e consciência cristã. Levando em conta as orientações apostólicas, adotemos uma postura respeitosa, cordial e profética.
Oremos pelo nosso Brasil, pelo nosso povo e pelos nossos governantes. Oremos também pela Igreja, para que ela seja um exemplo de integridade sem corrupção, a começar por seus líderes. Clamemos por justiça e arrependimento, para que a Igreja seja verdadeiramente sal da terra e luz do mundo. Oremos para que as pessoas busquem ao Senhor nosso Deus e que Ele nos livre da injustiça, do ódio e da violência.
À luz desses motivos de oração, convidamos as Igrejas Evangélicas a que, nas próximas semanas, programem tempos específicos de intercessões e incentivem ao jejum e à oração cada participante de nossas Igrejas.
Aliança Cristã Evangélica Brasileira
Brasil, 15 de março de 2015

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

A dor não tem a palavra final


Parece contrassenso unir as palavras “dor” e “gloriosa”. Mas para os cristãos, elas podem caminhar juntas. Assim ensinou Jesus tantas vezes. Isso não significa sacralizar o sofrimento ou conformar-se com a injustiça. Mas, sim, significa dizer que a dor não tem a palavra final. Ela pode ser a trilha para algo maior, mais glorioso.

(Revista Ultimato, Fev. 2015)