1Co 15.50-57
50 Irmãos, eu lhes declaro que carne e sangue não podem
herdar o Reino de Deus, nem o que é perecível pode herdar o imperecível. 51 Eis
que eu lhes digo um mistério: Nem todos dormiremos, mas todos seremos
transformados, 52 num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última
trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós
seremos transformados. 53 Pois é necessário que aquilo que é corruptível se
revista de incorruptibilidade, e aquilo que é mortal, se revista de imortalidade.
54 Quando, porém, o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o
que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está escrita: “A
morte foi destruída pela vitória”. 55 “Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde
está, ó morte, o seu aguilhão?” 56 O aguilhão da morte é o pecado, e a força do
pecado é a Lei. 57 Mas graças a Deus, que nos dá a vitória por meio de nosso
Senhor Jesus Cristo.
Paulo enfatiza, nos versos 29 a 34, o futuro recebimento de
novos corpos dos cristãos mortos e a transformação nos corpos dos cristãos que
estiverem vivos.
Mas que tipo de corpo será esse?
Seguindo os versos 50 a 57, vemos Paulo afirmar clara e
enfaticamente sua crença em um corpo que será transformado e não abandonado. A
presente realidade do corpo, em suas fraquezas, enfermidades e morte não farão
parte do novo corpo (esse é o significado de “carne e sangue não podem herdar o
reino de Deus”- v.50).
Para Paulo, “carne e sangue” não possuem significado de
matéria por si só, mas da corruptibilidade à qual a matéria está sujeita. Ele
está, portanto, dizendo que a ressurreição trará corpos incorruptíveis (v.52) e
nós (os que estiverem vivos no dia final) seremos transformados.
Como em 2Coríntios 5, Paulo vê o presente corpo físico sendo
revestido pelo novo, como um novo modelo de experiência e realidade física.
Algo que ultrapassa o que conhecemos. Isso vale para a ressurreição de Jesus
também.
Entre as passagens examinadas, está a parte mais complexa do
capítulo: os versos 35 a 49. Neles, Paulo fala sobre diferentes formas de
realidades físicas, envolvendo as ideias de continuidade e descontinuidade.
Nesse contexto, “corpo espiritual” não significa corpo “não
físico” (isso seria considerar a cosmovisão helenística, a qual não tinha
espaço no judaísmo).
Paulo, na verdade, está contrastando o corpo presente (soma
psychikon) com o corpo futuro (soma pneumatikon). O corpo presente é
corruptível, susceptível à doença, desgaste, morte e retorno ao pó, e o corpo
futuro será incorruptível, onde não acontecerá nada dessas coisas.
Percebe-se, então, que a presente vida da igreja não se
resume em “ganhar almas”, como uma tentativa de se fazer seres despidos de
corpos para um futuro no qual corpos não existirão. Trata-se de trabalhar com
seres humanos integrais, que receberão seus corpos no fim dos tempos, à
semelhança do modelo do Messias.
N.T. Wright – O desafio de Jesus, pg. 159-165
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