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terça-feira, 25 de junho de 2013

Nosso paradoxo e a necessidade da democracia

O paradoxo (ou a ambiguidade) humano faz da democracia a melhor forma de governo jamais desenvolvida, pois, idealmente, a democracia reconhece tanto a dignidade como a depravação do ser humano.

Por um lado, ela reconhece nossa dignidade humana, pois se recusa a impor as pessoas que nos governarão sem o nosso consentimento. Ela nos deixa participar do processo de tomada de decisão. Ela nos trata com respeito, como adultos responsáveis.
Por outro lado, a democracia reconhece também a nossa depravação humana, quando se recusa a concentrar poder nas mãos de poucos, uma vez que isso não é seguro. Assim, faz parte da essência da democracia dividir o poder e proteger os governantes de si mesmos. Como Reinhold Niebuhr afirma, “a capacidade do homem para praticar a justiça torna a democracia possível; mas a inclinação do homem para a injustiça torna a democracia necessária”.

sábado, 22 de junho de 2013

A simplicidade do evangelho e a sofisticação da Igreja

Texto do Rev. Ricardo Barbosa
O evangelho de Jesus Cristo é simples. Simples na forma e simples no conteúdo. A vida e o ministério de Jesus acontecem num cenário simples. Ele anunciou as boas novas do reino de Deus, demonstrou a presença do reino através de palavras, exemplos e ações. Convidou pessoas para estarem e aprenderem com ele. Sofreu as incompreensões do sistema religioso e político do seu tempo. Morreu e ressuscitou. Após a ressurreição, encontrou-se com seus discípulos e comunicou-lhes que recebera toda autoridade no céu e na terra, e que, como Rei e Senhor, enviou seus discípulos para anunciarem as boas novas, levando homens e mulheres a guardarem tudo o que ele ensinou, integrando-os numa comunidade trinitária por meio do batismo, e prometeu estar com eles todos os dias, até o fim.

Alguns dias depois, no meio da festa de Pentecostes, 120 discípulos estavam reunidos em Jerusalém, e a promessa de Jesus se cumpriu. Todos foram cheios do Espírito Santo, começaram a viver a nova realidade anunciada por Jesus, saíram alegremente, por todo canto, pregando a boa notícia de que Deus visitou seu povo e trouxe salvação, justiça e liberdade.

A história seguiu e os cristãos foram se multiplicando, organizando igrejas, criando instituições, formas e ritos. Porém, as instituições cresceram e suas estruturas se tornaram mais complexas e sofisticadas. Transformaram-se num fim em si mesma. A simplicidade do evangelho foi substituída pela complexidade institucional.

C. S. Lewis, na carta 17 do livro “Cartas de um Diabo a seu Aprendiz”, aborda o tema da glutonaria e afirma que uma das grandes realizações do maligno no último século foi retirar da consciência dos homens qualquer preocupação sobre o assunto, e isso aconteceu quando ele transformou a “gula do excesso na gula da delicadeza”. Para C. S. Lewis, o problema da gula, muitas vezes, não está no excesso de comida, mas na sofisticação, na exigência de detalhes em relação ao vinho, ao ponto do filé ou ao cozimento da massa. Fica impossível atender a um paladar tão sofisticado. A simplicidade do ato de comer dá lugar à sofisticação gastronômica. Pessoas assim, segundo o autor inglês, demitem cozinheiras, destratam garçons, abandonam restaurantes, cultivam relacionamentos falsos e terminam a vida numa solidão amarga.

Como igreja, corremos o mesmo risco. A simplicidade e pureza do evangelho já não provocam prazer na maioria dos cristãos ocidentais. A sofisticação da igreja, sim. É o vaso tornando-se mais valioso que o tesouro contido nele. Se a música não estiver no volume perfeito, o ar condicionado no ponto exato, a pregação no tempo apropriado, com conteúdo que agrade a todos os paladares e com o bom uso dos aparatos tecnológicos, talvez eu não me agrade desta igreja.

Justificamos a sofisticação com expressões como “busca por excelência”, “relevância”, “qualidade”. Parece justo. O problema é que a excelência ou a relevância do evangelho está exatamente na sua simplicidade. É cada vez mais fácil encontrar cristãos que acharam a “igreja certa” do que os que simplesmente encontraram o evangelho. A sofisticação da igreja mantém o cristão num estado de espiritualidade falsa e superficial. A maior deficiência do cristianismo não está na forma, mas no conteúdo.

A verdadeira experiência espiritual requer um coração aquecido e não sentidos aguçados. Precisamos elevar nossos afetos por Cristo, seu reino, sua Palavra e seu povo, e não os níveis de sofisticação e exigências institucionais. O vaso deve ser de barro, sempre. O tesouro que ele  guarda, o evangelho simples de Jesus Cristo, é que tem grande valor. A sofisticação produz queixas, impaciência, falta de caridade e egoísmo. A simplicidade sempre nos conduz a compaixão, sinceridade, devoção e auto-doação.

• Ricardo Barbosa de Sousa é pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristão de Estudos, em Brasília. É autor de “Janelas para a Vida” e “O Caminho do Coração”.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

O louvarei mesmo na tormenta...



Esse vídeo reflete o ensino de Jesus em João 6:60-70, onde após se defrontarem com a realidade da vida proposta por Jesus, muitos seguidores o abandonaram. Pedro, porém, mostra que podemos segui-lo sob qualquer circunstância.

Então, assim como não podemos seguir Jesus a fim de obter conquistas pessoais, não podemos abandoná-lo devido às dificuldades que acontecem em nosso caminho (cf. Mateus 13.20-21 e Habacuque 3.17-19).

Ao ouvirem isso, muitos dos seus discípulos disseram: “Dura é essa palavra. Quem pode suportá-la?” [...] Daquela hora em diante, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e deixaram de segui-lo. Então, Jesus perguntou aos Doze: “Vocês também não querem ir?” Simão Pedro lhe respondeu: Senhor, para quem iremos? Só tu tens as palavras de vida eterna. 
E nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Oração de fé!

“Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe será concedida. Peça-a, porém, com fé, sem duvidar, pois aquele que duvida é semelhante à onda do mar, levada e agitada pelo vento. Não pense tal pessoa que receberá coisa alguma do Senhor, pois tem mente dividida e é instável em tudo o que faz.” (Tiago 1.5-8).
Creio que um dos graves problemas do cristão é a sua falta de fé. Não falo daquela fé salvadora, redentora, a qual nos aproxima do Pai. Nem daquela fé determinista, que faz de Deus um instrumento para nossa satisfação pessoal. Estou falando da fé que vive a partir do que acredita. Paulo já dizia: “o justo viverá por fé” (Rm 1.17). Em outras palavras, a vida daquele que se encontrou com Deus está baseada na confiança de que as palavras de Cristo são verdadeiras. Logo, as segue corajosamente, entendendo como única alternativa. Como Pedro, a pessoa de fé diz: “Só tu tens as palavras de vida eterna” (Jo 6.68). A orientação de Tiago, portanto, é para buscarmos a vontade de Deus com a certeza que Deus a revelará. O caminho, segundo Jesus, está muito claro: “Se vocês permanecerem em mim e as minhas palavras permanecerem em vocês, peçam o que quiserem e lhes será concedido” (Jo 15.7; 1Jo 5.14). O desafio, então, é viver de modo que a “mente de Cristo” esteja em nós (1 Co 2.16). Daí sim, devemos pedir com fé, sem duvidar, pois a vontade de Deus acontecerá na nossa vida e experimentaremos estabilidade em tudo o que fizermos.

domingo, 2 de junho de 2013

ESPIRITUALIDADE SUSTENTÁVEL

Rm 8.19-22
A natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados...
Um dia a própria natureza criada ficará livre do poder destruidor que a mantém escrava e tomará parte na gloriosa liberdade dos filhos de Deus... 


A espiritualidade cristã aponta para a responsabilidade do ser humano em cuidar da criação e governá-la (geri-la) com sabedoria (Gn 2.15). Só a revelação de filhos maduros, os quais sejam verdadeira expressão da imagem de Deus, podem conduzir o mundo criado à liberdade plena (Rm 8.29). É fundamental, portanto, a nossa compreensão acerca do propósito de Deus de endireitar o mundo, o qual formará uma nova criação (Ap 21), pois fomos chamados a participar desse empreendimento: somos coparticipantes da missão de Deus.
O caminho da espiritualidade sustentável é, então, em primeiro lugar, o do ARREPENDIMENTO (mudança de mente e atitude), onde a humanidade reassume o seu papel na história de cuidadora da criação. Além disso, essa mesma espiritualidade deve protagonizar a RECONCILIAÇÃO do ser humano com Deus, consigo mesmo, com os outros e com a natureza, pois as relações rompidas é que promovem o jugo da autodestruição. Finalmente, essa espiritualidade se preocupa com a MISSÃO de fazer discípulos de Jesus de todas as nações, os quais espelhem o propósito divino de sustentabilidade para o mundo.
Vinicius