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quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

O Salmo de Jonas

O livro de Jonas possui uma das mais belas interpretações da natureza humana. Nele, vemos a luta de todos nós para evitar a vontade de Deus: preferimos seguir nossas convicções, fazer as coisas do nosso jeito.

O grande tema do livro de Jonas é a vocação do povo de Deus. Deus chama Jonas-Israel-igreja para ser luz para as nações, segundo o chamado de Abraão. A relutância é notória tanto na vida de Jonas como na vida de Israel e da igreja. Mas Deus não desiste. Ao contrário, ele conspira de várias as formas (em Jonas vemos a tempestade, o grande peixe, a conversão milagrosa do povo de Nínive, a planta imprevisível) para que sua vontade seja feita, tanto na vida de Jonas-Israel-igreja como na história de Nínive-gentios-mundo.


E continuamos resistindo... Como bem disse Deus a Moisés, somos um povo de "dura cerviz": obstinado, teimoso, cabeça dura, difícil de quebrantar (Cf. Êxodo 33.5).


Mas algo acontece no segundo capítulo do livro. Ali, presenciamos um divisor de águas na vida de Jonas. Creio que deve ser o mesmo conosco: JONAS VOLTA À PRÁTICA DA ORAÇÃO. No primeiro capítulo isso, realmente, não estava acontecendo (vemos os pagão orando, não Jonas). Nos capítulos seguintes (3 e 4), apesar de sua revolta, vemos Jonas em diálogo com Deus.
Parece evidente que a vocação do povo de Deus não se (re)estabelece sem oração. E não pode ser uma oração qualquer, apenas para cumprir o protocolo ou evidenciar desespero, a fim de comover Deus. Deve, sim, ser uma ORAÇÃO PROFUNDA, a qual envolva todo o ser; que expresse os reais sentimentos diante do Todo Poderoso e Amoroso Deus. 

Observe, então, que a oração profunda deve ser feita a partir da realidade vivida e não de uma esfera romântica e alienada. Deve expressar lamento, protesto e indignação ao mesmo tempo que confiança, amor e esperança, afinal, apresentamos à queixa diante do Justo Juiz. O lamento, nesse sentido, indica a intimidade com Deus (somos o que somos, não o que achamos que deveríamos ser). Já a confiança indica a reverência necessária para um relacionamento maduro com quem é Pai-Criador e Salvador. (Deus não é "instrumentalizável"). O fim indubitável, portanto, da oração profunda é a adoração e a missão: a retomada da vocação da humanidade; a imagem de Deus restaurada na Terra.


Isso, certamente, não acontece de uma hora para outra. É um longo aprendizado, o qual tem por base passar pela “experiência do suco gástrico”: a solidão e o sofrimento. Foi o que aconteceu com Jonas. No ventre do peixe, ele foi redirecionado para sua (nossa!) vocação, embora, ainda, tivesse muito a aprender.
Agora, leia a oração de Jonas (Jonas 2.2-9).

Você notou algo familiar nela? O que essa oração te lembra?


O que mais chama a atenção na oração de Jonas é sua estrutura: é SALMO.
Os Salmos, portanto, indicam o caminho da ORAÇÃO PROFUNDA. Nos salmos encontramos lamento e louvor, sendo que quase 70% é lamento. Eles, portanto, estão plenamente conectados a nossa realidade e nos levam à profunda conexão com a realidade de Deus. Passamos a ver o mundo sob a perspectiva de Deus e apresentamos a Deus o que está acontecendo (e não levamos a Deus apenas a nossa perspectiva, de maneira arrogante e irreverente). 

Jonas trazia os Salmos no coração e na mente. Não foi simplesmente uma oração espontânea. A oração não representava o humano, mas o humano representava a oração, pois foi formatado por ela. O mesmo aconteceu com Jesus: a expressão “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste” é extraída de um salmo (Sl 22). Apesar da citação ser de apenas um versículo, provavelmente esse salmo tenha acompanhado Jesus por todo sua vida; ele, inclusive, deve tê-lo recitado completamente na cruz. O interessante é que o salmo 22 traz a esperança e a justiça de Deus como tema. Ou seja, no clamor de Jesus havia lamento e confiança, submetendo o seu destino ao justo Juiz, criador dos céus e da terra.
Realmente, temos muito a aprender com Jonas e com os a escola dos Salmos. Que tal você caminhar comigo nessa jornada?

Acompanhe as postagens. Vamos conversando...

Pr Vinicius

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