Marcos 10.35-45
O pedido de Tiago e João
35 Nisso Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se dele e disseram: “Mestre, queremos que nos faças o que vamos te pedir”. 36 “O que vocês querem que eu lhes faça?”, perguntou ele. 37 Eles responderam: “Permite que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda”. 38 Disse-lhes Jesus: “Vocês não sabem o que estão pedindo. Podem vocês beber o cálice que eu estou bebendo ou ser batizados com o batismo com que estou sendo batizado?” 39 “Podemos”, responderam eles. Jesus lhes disse: “Vocês beberão o cálice que estou bebendo e serão batizados com o batismo com que estou sendo batizado; 40 mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não cabe a mim conceder. Esses lugares pertencem àqueles para quem foram preparados.
Em nosso país temos o costume de
desvalorizar a nós mesmos. Diante dos casos de corrupção amplamente expostos na
mídia, normalmente dizemos: “só pode ser no Brasil”.
A história de Tiago e João mostra
que a corrupção está em todo o lugar. Inclusive no coração dos discípulos de
Jesus.
Quando eles pedem a Jesus cadeiras
especiais no reino, eles estão imaginando Jesus assinando seu primeiro decreto
como rei: matem os romanos!
Imaginam um reino de poder e
glória... humana.
Sendo assim, um queria ser Ministro
da Fazenda e, outro, Ministro da Justiça. Eles queriam antecipar a vaga; passar
na frente dos concorrentes.
Mas o reino de Deus é diferente (essa
sempre foi a mensagem de Jesus). O caminho para ele ser estabelecido não é
coercitivo. Portanto, não adianta negociar os cargos para tirar vantagens.
Como o reino será estabelecido,
então?
Talvez a melhor resposta para essa
pergunta seja: PELA SUBVERSÃO.
A subversão acontece de dentro para
fora. É água mole em pedra dura que tanto bate até que fura.
Foi o caminho de Jesus.
Perceba a resposta de Jesus a Tiago
e João: “Vocês não sabem o que estão pedindo. [...] Esses lugares já estão
reservados para outros.”.
Quem são esses outros?
A narrativa de Marcos nos deixa em
suspense por um tempo. Depois nos revela, logo adiante, no cenário da
crucificação.
Os que ficarão à direita e à
esquerda serão dois ladrões (15.27).
Como assim?
A glória de Deus, sua grande vitória,
será na cruz. Ali todo mal é derrotado. A fraqueza se transformou em força. O
sofrimento em superação. É pura subversão.
Tiago e João não sabiam o que
estavam pedindo. Eles não conseguiam imaginar um reino conquistado pela paixão,
morte e ressurreição do Messias.
Entendiam as palavras de Jesus sobre “beber a
taça” e “receber o batismo” como uma alerta sobre as dificuldades e lutas para
o estabelecimento do reino. Algo como: “será duro, mas venceremos!”.
Mas a cruz mostra que para estabelecer
o reino de Deus não basta apenas passar por um caminho difícil. É uma jornada a
ser trilhada. Uma jornada de subversão.
O caminho subversivo, portanto, é
exemplificado pelo sofrimento de Jesus, o qual leva sobre seus ombros toda a
maldade do mundo por amor. A fidelidade a Deus e ao seu projeto é sua grande
motivação. E seu projeto é a nova criação.
Por isso, somos convidados para
sermos seus discípulos. Devemos aprender o caminho da subversão e implementar a
sua vitória no mundo.
Jesus nos chama à subversão porque esse
é o melhor caminho para a transformação. É a forma de plantar a semente da nova
criação.
Quando você é subversivo, o teu
valor não está na admiração das pessoas. O teu sucesso não é marcado pela
produtividade. A tua estabilidade não é determinada pelo dinheiro que você tem
no banco.
O subversivo age com
intencionalidade, semeando o reino, mas crendo que quem dá o crescimento é
Deus.
O subversivo é humilde. Busca servir
ao invés de ser servido. Seu coração não está nas conquistas pessoais.
O subversivo é manso. Já foi um
cavalo xucro; agora está domado. Suas ações são marcadas pela sobriedade. Busca
agir com sabedoria diante da tensão.
O subversivo é persistente. Não
desiste nunca. É movido pela esperança. Acredita na vitória de Jesus na cruz e
no estabelecimento da nova criação no futuro.
O subversivo é criativo. Está sempre
buscando alternativas para lidar com o mal, a fim de transformá-lo em bem.
O subversivo ama. Ama porque sabe
que é amado. Sua força vem dessa certeza. Entrega sua vida na fidelidade ao
amado.
A cruz, portanto, não é apenas um
meio de vitória, mas um modelo.
A cruz nos indica que existe um
caminho diferente a tomar. Um caminho de amor e paz. Um caminho de
transformação real, de dentro para fora. Um caminho subversivo.
O que te impede de tomar tua cruz e
seguir a Jesus pelo caminho da subversão em direção ao reino de Deus?
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