Quando o brilhante doutor em
ética John Kavanaugh foi trabalhar por três meses na “casa dos moribundos” em
Calcutá, ele estava à procura de uma clara resposta sobre como viver melhor os
anos que lhe restavam de vida. Na primeira manhã ali, ele conheceu a Madre
Teresa. E ela lhe perguntou:
― Como posso lhe ser útil?
Kavanaugh pediu que ela orasse em seu favor.
― E você quer que eu ore por qual
necessidade?
E ele verbalizou o pedido que havia carregado consigo
milhares de quilômetros desde os Estados Unidos:
― Ore para que eu tenha clareza.
E ela disse com firmeza:
― Não, eu não vou orar por isso.
Quando ele lhe perguntou o porquê, ela respondeu:
― Clareza é a última coisa a que você
deve se apegar.
Quando Kavanaugh comentou que ela lhe parecera ter a
clareza que ele tanto ansiava, ela riu e disse:
― Nunca tive clareza; o que eu sempre
tive foi confiança. Então vou orar para que você confie em Deus.
“E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós” (1Jo
4.16). Quando vamos em busca de clareza, tentamos eliminar o risco de confiar
em Deus. O medo do caminho desconhecido a nossa frente destrói a confiança
infantil na bondade ativa do Pai e em seu amor irrestrito.
Muitas vezes partimos da
premissa de que o ato de confiar irá desfazer a confusão, iluminar a escuridão,
acabar com a incerteza e remir o tempo. Mas a nuvem de testemunhas de Hebreus
11 revela que não é bem assim. Nossa confiança não traz uma clareza definitiva
neste mundo. Ela não elimina o caos, não entorpece a dor, nem nos serve de
muleta. No momento em que está obscuro, o coração que confia diz, a exemplo de
Jesus na cruz: “Pai, nas tuas mãos
entrego o meu espírito” (Lc 23.46).
Brennan Manning (Confiança Cega, pg. 19)
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