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segunda-feira, 8 de julho de 2013

IBGE e a religiosidade no RS

Dados do IBGE colocam municípios do Estado como campeões em credos
Itamar Melo
Os dados sobre religião do Censo 2010, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), consagram o Rio Grande do Sul como o Estado dos extremos religiosos. Estão em território gaúcho o município mais católico, o mais evangélico, o mais umbandista, o mais islâmico e o mais mórmon do país. O Estado tem a Capital mais judaica. Até entre os sem fé os gaúchos se destacam: a única das 5.564 cidades brasileiras onde quem não tem religião é maioria fica aqui: Chuí.
A principal explicação para a diversidade está na formação histórica do Estado. Imigrantes europeus de forte religiosidade, especialmente italianos, fundaram pelo Interior comunidades que hoje são os municípios brasileiros com maior proporção de católicos. A imigração europeia também explica a liderança gaúcha no ranking dos municípios mais evangélicos. São cidades fundadas por luteranos vindos da Alemanha, que mantêm a tradição do credo de seus ancestrais.

Mas surpreendente é a força das religiões afro-brasileiras. Apesar de ser o segundo Estado mais branco do país, o Rio Grande do Sul tem a maior proporção nacional de adeptos da umbanda e do candomblé — 1,47%, quase cinco vezes o percentual da Bahia. Estão em terra gaúcha as 14 cidades com mais seguidores dessas religiões, a começar por Cidreira. No Estado, 58% dos fiéis afros são brancos. Para o sociólogo da religião Ricardo Mariano, professor da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), a explicação pode estar no sincretismo vivenciado na Bahia, no Rio e em São Paulo:
— Na Bahia, existe um grande sincretismo afro-católico. Lá, a Igreja tem pleno domínio dessa situação. Por isso, parte das pessoas dos cultos afros se identifica como católica. 
O Estado tem três municípios entre os cinco mais islâmicos, liderados por Chuí. A presença de imigrantes do mundo árabe explica esse quadro. Essa imigração também pode dar uma pista do motivo para Chuí ser a cidade onde mais gente se declara sem religião (54,24%). Mariano tem suspeitas para explicar o fenômeno:
— Anos atrás, foram feitas acusações de que haveria terroristas islâmicos na região, o que pode ter deixado as pessoas desconfortáveis. Outra possibilidade é uma influência do Uruguai, um dos países mais leigos do mundo.

No caso dos mórmons, que registram alguns de seus melhores percentuais em cidades gaúchas (chegando a 3,52% em Quaraí), Mariano observa que é preciso investigar para saber a causa do fenômeno, mas acredita que ele possa estar relacionado a algum trabalho missionário específico.

[Menos católicos, mais evangélicos e espíritas]
A Igreja Católica está perdendo espaço de forma acelerada no mercado da fé brasileiro. Conforme o Censo 2010, a proporção de católicos no país caiu para 64,6%, contra os 73,6% de 10 anos antes. Em 1980, os católicos eram 89,2% da população. Já há três Estados onde os seguidores do Vaticano não são maioria: Rio de Janeiro, Rondônia e Roraima.

No Estado, a sangria de fiéis da Igreja acentuou-se em relação à década anterior. Depois de cair de 81,3% para 76,4% entre 1991 e 2000, a proporção despencou para 68,8% em 2010. Em termos absolutos, há menos católicos do que no passado, no Estado e no país, apesar do crescimento populacional.

As ovelhas desgarradas desse rebanho estão alimentando as hostes de outros credos e também o time dos sem fé. Já se declaram sem religião 8% dos brasileiros e 5,9% dos gaúchos. Mas isso não significa avanço do ateísmo. O IBGE descobriu que eles são muito poucos: 0,32% no Brasil, 0,47% no Estado. Uma religião que teve avanço significativo, em termos percentuais, foi o espiritismo. No Estado, passaram de 1,8% para 3,2% da população. O recuo dos católicos, no entanto, está diretamente ligado ao aumento de 44% na proporção de evangélicos, que passou de 15,4% para 22,2% da população do país em uma década.

http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2012/06/dados-do-ibge-colocam-municipios-do-estado-como-campeoes-em-credos-3806966.html

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