O paradoxo (ou
a ambiguidade) humano faz da democracia a melhor forma de governo jamais
desenvolvida, pois, idealmente, a democracia reconhece tanto a dignidade como a
depravação do ser humano.
Por um lado,
ela reconhece nossa dignidade humana, pois se recusa a impor as pessoas que nos
governarão sem o nosso consentimento. Ela nos deixa participar do processo de
tomada de decisão. Ela nos trata com respeito, como adultos responsáveis.
Por outro lado,
a democracia reconhece também a nossa depravação humana, quando se recusa a
concentrar poder nas mãos de poucos, uma vez que isso não é seguro. Assim, faz
parte da essência da democracia dividir o poder e proteger os governantes de si
mesmos. Como Reinhold Niebuhr afirma, “a capacidade do homem para praticar a justiça
torna a democracia possível; mas a inclinação do homem para a injustiça torna a
democracia necessária”.